Testamos o simulador de ônibus, que mostra na prática os desafios de quem se dedica a transportar passageiros nos centros urbanos
Por Marcelo Jabulas
Na primeira aula do curso de jornalismo, o professor (que tinha longa passagem por redações) escancarou que estávamos diante uma das mais estressantes das profissões. E ele não exagerou. Junto do repórter estão policiais, bombeiros, profissionais de saúde (principalmente nesses dias de pandemia) e o motorista de ônibus.
E conduzir um coletivo não é algo fácil. São veículos enormes que podem ter quase 20 metros de comprimento, que sempre andam abarrotados de passageiros, no meio do trânsito caótico dos centros urbanos. Definitivamente não é um trabalho tranquilo.
E para piorar, em muitas cidades a função do cobrador foi eliminada. Assim, além de verificar de quem entra e quem sai, ficar atento ao tráfego, o motorista ainda tem que cuidar da passagem. E para mostrar como isso tudo funciona, fomos testar o game “Bus Simulator” da Stillalive Studios.
Lançado em 2018, esse game recebe constantes atualizações, que geralmente se baseiam em novos veículos que o jogador pode adquirir. O jogo oferece uma ampla gama de carros de fabricantes como Mercedes-Benz, Iveco e MAN.
São modelos que diferem em comprimento, motorização e número de eixos, assim como derivações articuladas. Com versões para PC, PS4, Xbox One e Android, fomos testar a edição para PlayStation 4.
O jogo exige não apenas que se dirija o busão pelas ruas da cidade fictícia do jogo. Mas também é necessário que o jogador administre sua garagem. Ele precisa adquirir carros, contratar motoristas, estabelecer rotas e claro, guiar o ônibus.
“Bus Simulator” é um jogo que busca oferecer o máximo de realismo na simulação da condução. O jogador quando se senta diante do volante precisa cumprir com todos os rituais de quem dirige no mundo real. Dar partida, acender luzes, desengatar freio de mão, sinalizar e ficar atento aos limites de velocidade.
Quando se começa no game, o jogador assume o volante de um Mercedes-Benz Citaro K, com 28 bancos e 10,6 m de comprimento. Para a sorte do jogador, o carro tem transmissão automática, o que facilita muito a vida.
Com a rota definida, é preciso percorrer a cidade, parando em cada ponto. Para isso é preciso sinalizar a entrada no ponto, assim com a saída. Por sorte, todos os pontos (diferentemente do que vemos no Brasil) contam com recuo do passeio, o que não compromete o fluxo.
Assim, o jogador deve encostar, abrir as portas (no jogo o carro conta com suspensão a ar, que facilita o embarque e desembarque) e aguardar que os passageiros se acomodem. Somado a isso tudo, há passageiros que precisam comprar seus bilhetes. O motorista deve vender as passagens e dar o troco corretamente.
Tudo isso, com o relógio correndo, já que (assim como na realidade) o motorista tem um período para completar o itinerário. E conduzir o ônibus não é como guiar um carrinho de videogame. O veículo é pesado, demora para para ganhar velocidade, assim como também precisa de muito espaço para frenagem.
É exatamente como guiar uma “bumba” de verdade. Fazer conversões exibe abrir a curva e calcular para não subir no meio-fio ou esbarrar nos veículos na contra-mão. Também é necessário ficar atento aos apressadinhos e ter paciência em dobro como os carros que não costumam dar passagem. Assim como no mundo real, em “Bus Simulator” não dá para levar a brincadeira como se fosse “GTA”.
“Bus Simulator” deveria ser um game obrigatório nas autoescolas, pois todo motorista de automóvel precisa saber como é o comportamento dinâmico de um ônibus. Ele não freia ou acelera como um carro de passeio. Enfiar o carro na frente da condução e parar bruscamente, na crença de que o motorista conseguirá fazer com aquele paquiderme ancore imediatamente, rotineiramente termina em colisão.
Além disso, é um veículo que demanda espaço para manobra. Muita gente insiste em estacionar perto de esquinas de vias em que passam coletivos. Esses carros precisam de área livre para manobrar.
Assim, muito além de ser um muito joguinho divertido, que tenta reproduzir os desafios de uma viagem de ônibus, o game também é uma ferramenta didática que pode ensinar ao motorista de automóvel, assim como o motociclista, que esses gigantes precisam de espaço de manobra e frenagem.
Também é uma excelente escola para quem não pretende ser motorista, mas é passageiro. Pois muitas vezes a gente se aborrece com a freada brusca, com o sacolejo, a demora para embarcar ou pegar o troco, mas nunca nos prestamos a se colocar no lugar do “motor”.
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